Entre altos e baixos, quem levou a melhor na E3 2010?
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19072010
Entre altos e baixos, quem levou a melhor na E3 2010?
Após o término das edições E3 (Electronic Entertainment Expo), segue-se sempre o mesmo padrão: o deslumbramento inicial vai arrefecendo aos poucos, e as pessoas — tanto jogadores quanto jornalistas — começam a enxergar com mais clareza, conforme a cortina de fumaça levantada por campanhas publicitárias milionárias vai aos poucos baixando. E a edição de 2010 não foi diferente.
Muito alarde, muitas previsões sobre a apoteose dos novos controles sensíveis ao movimento. Mas qual foi o real impacto da E3 2010? Será mesmo que as maravilhas tecnológicas trazidas pelas gigantes do setor alcançaram o patamar previsto pelas propagandas anteriores à feira? Precisão, no PS Move; Revolução no Kinect; muito burburinho em relação ao novo portátil da Nintendo, o 3DS — sem contar a obrigação constante de mostrar novos formatos para os seus ícones conhecidos.
Dessa forma, passado o calor do momento, talvez seja a ocasião de analisar os efeitos posteriores da E3. Quais tendências foram lançadas? Quais promessas decepcionaram? Entre apresentadores que mais parecem humoristas em uma stand up comedy e vídeos preparados para deixar qualquer um babando — mesmo que o jogo/tecnologia em questão seja apenas medíocre... —, é hora de ver quem realmente fez bonito na E3, e quem deixou a desejar.
Nintendo
Títulos, parcerias e um portátil que roubou a cena
Um belo dia, a Nintendo resolveu lançar o Wii. Os gráficos são datados, diziam alguns. A falta de apoio aos jogos hardcorevai enterrar o sistema, diziam outros. Trata-se mais de um brinquedo do que de um video game, afirmavam terceiros. Mas o sistema “chacoalhe-se para jogar” fez sucesso e, naturalmente, quando você não é suficientemente sortudo para lançar uma tendência, tem que ser pelo menos esperto o suficiente para copiá-la acrescentando algo à experiência.
Dessa forma, nada mais natural que Sony e Microsoft tenham corrido atrás do tempo perdido, arrastando também suas fichas para o centro da mesa dos controles sensíveis a movimentos. Novamente, não faltaram analistas prevendo que, agora sim, se jogava a primeira pá de terra sobre o Wii. Afinal, se Sony e Microsoft, ambas devidamente sustentadas por títulos de peso, resolvem melhorar a jogabilidade do console, o que restaria para a Big N?
Sempre reinventando a roda...
Faltou só prestar atenção em um ponto. A Nintendo sempre foi conhecida por inovar e lançar tendências. Por que não faria o mesmo também este ano? Surge então o 3DS, indiscutivelmente o que de mais chamativo a E3 recente trouxe. Novamente, a empresa de Satoru Iwata inova em jogabilidade — em vez de apenas seguir se digladiando com as concorrentes em uma moda que já dá sinais de cansaço.
O novo portátil da Nintendo não apenas traz gráficos em 3D, como ainda coloca na gaveta qualquer tipo de óculos ou aparato sobressalente para produzir o efeito. De quebra, ainda apresenta um design revigorado e chamativo — o que sempre foi o forte da empresa, assuma-se.
Tudo bem, era completamente impossível demonstrar os efeitos do portátil simultaneamente a todos os presentes no Nokia Theater e a quem conferiu o show na tela do computador. Mas o 3DS realmente funciona, tem poder de fogo a toda prova, e ainda prevê diversas parcerias com third parties (terceiros que desenvolvem para a plataforma).
Sustentando a bela apresentação do console, o renascimento do clássico Kid Icarus, um lustroso Metal Gear Solid 3: Snake Eater, a promessa de um novo Resident Evil e um sem-número de parcerias para produção de títulos. Nem mesmo o vídeo constrangedor de Miyamoto chacoalhando um cachorro de plástico através da tela conseguiu abalar o belo show do portátil.
Demonstrações e títulos na manga
Sim, a demonstração de The Legend of Zelda: Skyward Sword foi um início um tanto opaco para a conferência. Apesar do fato de os controles do Wii parecerem bem pouco responsivos — problemas como excesso de aparelhos wireless, Sr. Miyamoto? Ok —, a aparência do jogo era exatamente a mesma de outros títulos. Parecia ser exatamente o que era: uma marca consagrada utilizada para promover uma forma “inédita” de se jogar.
Mas nem todos os jogos desapontaram, é claro. O novo Donkey Kong foi confirmado — a informação havia escapulido um dia antes pela internet —, GoldenEye surgiu em toda a sua glória “pixelizada” e, por fim, Epic Mickey não decepcionou: o ícone incontestável em uma aventura inovadora e com história surpreendente. Afinal, quem não gostaria de explorar os cantos obscuros cheios de material abandonado pela Disney ao longo das décadas?
Sony
Nomes de peso e um novo periférico
A palavra “precisão” deve ter brotado da boca de Jack Tretton algumas milhares de vezes durante a conferência da Sony. Afinal, o Move deveria roubar a cena, trazendo uma jogabilidade mais precisa que o WiiMote e mais acessível que o Kinect — embora menos revolucionária, a princípio.
Só que a apresentação de Tiger Woods PGA Tour 11 fez muita gente na plateia do Nokia Theater levantar as sobrancelhas e torcer o nariz — não necessariamente nessa ordem. Onde foi parar a propagandeada precisão do PlayStation Move?
A primeira tacada no jogo sequer foi reconhecida pelo aparelho, e boa parta dos movimentos subsequentes apareciam com um delay que beirava o inaceitável. Tudo bem, trata-se de um dos primeiro jogos a oferecer suporte ao periférico, e mesmo a pequena frustração inicial foi quase ofuscada pelos US$ 49,99 anunciados pouco depois.
Pesos-pesados
Felizmente, havia mais cartas na manga da Sony além do PS Move. Afinal, esquecendo-se um pouco das propagandas inflamadas em torno da ideia de se jogar chacoalhando, o PS3 tem se tornado mês após mês uma plataforma mais madura e com um amplo suporte de jogos pesos-pesados.
É claro que a maioria dos títulos demonstrados no palco já havia sido prevista anteriormente. Mas, mesmo assim, Killzone 3, LittleBigPlanet 2, InFamous 2 e MotorStorm 3 não deixaram de causar comoção considerável entre os presentes.
E havia também Gran Turismo 5, naturalmente. Mas, espera, já acabou?! Sem demonstração jogável, sem maiores detalhes... Sem Kazunori Yamauchi? Bem, pelo menos existe agora uma data oficial para colocar um fim nas especulações: 2 de novembro de 2010.
No mais, acompanhando o estilo enxuto da apresentação de GT5, pouco ou quase nada foi dito sobre o que os assinantes da PlayStation Plus devem esperar. Felizmente, isso já foi corrigido.
Exclusividades e duas surpresas de peso:
A parceria entre Sony e EA para a produção de conteúdos exclusivos para Dead Space 2 e Medal of Honor foi de fato uma boa sacada por parte da Sony. E o PS3 também ganha exclusividade nos conteúdos que serão lançados para Assassin’s Creed 2: Brotherhood e Mafia 2. Nada mal.
Mas, quando tudo parecia esgotado e algumas pessoas tentavam supervalorizar trechos anteriores da apresentação, surge algo realmente inédito — o que, em uma era de blogs e comunidades online, é realmente raro. Alguns balbucios da inesquecível GLaDOS... E, por fim, Gabe Newell entra em cena. Portal 2 não apenas será lançado para PS3 como, segundo o próprio Newell, será a melhor dentre as versões lançadas.
Mas não ficou nisso. Depois da demonstração cinzenta do PlayStation Move e das esperanças acerca de um PSP2 arrefecerem completamente — em vez de uma reformulação, o que apareceu foi uma nova campanha publicitária —, eis que, enfim, uma surpresa realmente agradável aparece no palco da E3.
Depois de vários anos, o lendário Twisted Metal está de volta, agora em toda a sua glória HD. Mas mesmo os jogadores mais antenados não teriam suspeitado de uma réplica do icônico caminhão de sorvetes de Sweet Tooth ali, em pleno palco, e dirigido por um sujeito que parecia não ver banho há algum tempo. O jogo em si não causou tanto impacto quanto a entrada triunfal? Talvez. Mas a franquia é excelente, e inegavelmente foi um dos pontos altos.
Microsoft
Um nome para o Project Natal
O slogan da E3 2010 poderia ser: “Três formas diferentes de se chacoalhar para controlar um jogo. Escolha a sua!”. Apesar dos grandes títulos, parcerias e presenças ilustres, é inegável que também a Microsoft reservou todas as suas fichas para a apresentação do seu Project Natal. E agora ele finalmente tinha um nome: Kinect — título que apareceu em meio a uma apresentação pré-E3 que, francamente, é melhor nem lembrar.
Diversão para toda a família... No Xbox 360?
Mas, tudo bem. Finalmente havia chegado o momento em que o Kinect — se causar desconforto
na língua é porque você pronunciou corretamente — poderia ir além das peças publicitárias dignas de “comerciais de margarina” trazidas a público pela Microsoft. Será que aquilo realmente funciona?
A resposta aqui é bastante simples: depende. Se você pretende utilizar a sua poderosa câmera de captura de movimentos para abrir e fechar menus e vídeos na dashboard do Xbox 360? Ou, talvez, a sua ideia seja gastar algum tempo com títulos divertidos — embora nitidamente descartáveis — originários da tradição nintendista cujo mote poderia ser: “diversão para toda a família!”. Bem, para qualquer um desses casos, pode-se dizer que sim, o Kinect funciona razoavelmente.
Entretanto, o termo “precisão” parece ter sido totalmente esgotado durante a apresentação da Sony — não que o Move fosse realmente preciso, é claro. Atrasos aqui, lags ali, leituras equivocadas da câmera acolá.
De fato, o Kinect, em si, foi impressionante. Trata-se sem dúvida de uma forma revolucionária de se jogar. Mas ficou faltando algo. Embora alguns títulos, como Dance Central, tenham demonstrado boa utilização do periférico, havia também o modelo tosco criado para Your Shape, da Ubisoft.
A impressão geral? Uma grande tecnologia que ainda precisa mostrar realmente a que veio. Afinal, o Xbox 360 é uma das primeiras escolhas para uma jogatina hardcore, e nem sequer um título do “gênero”, por assim dizer, foi demonstrado juntamente com o aparato.
E3 pós-Kinect — Halo: Reach, Fable III, Gears of War 3, Metal Gear...
Felizmente, assim como a Sony, também a Microsoft reservou outras fichas para apostar além dos controles sensíveis a movimentos. E, também como a Sony, foram essas surpresas que impediram que se instalasse uma aura cinzenta sobra a conferência.
Além da empolgante apresentação de Call of Duty: Black Ops que precedeu a conferência, surgem também outros nomes de peso como Gears of War 3, Halo: Reach — com tiroteios e a insinuação de combates no espaço —, a rápida apresentação de Fable III (sem grandes novidades) e, é claro, a extremamente aguardada estreia de Metal Gear no console da Microsoft, Rising.
Menor, mais bonito e pelo mesmo preço!
Por fim, uma saída óbvia para um console que conta já cinco anos de existência: um novo modelo. A versão remodelada, com novo design, HDD de 250 GB e Wi-Fi embutido deixou muita gente agradavelmente surpresa, embora a fatia maior do bolo tenha mesmo ficado para os presentes: cada um levou para casa um exemplar.
Vencedores e perdedores
Entre inovações e escorregadas, quem leva a melhor?
É realmente bastante incomum que uma E3 localizada no meio da vida útil dos consoles de mais prestígio traga inovações em hardware tão pronunciadas. “Novas formas de se fazer a mesma coisa” foi indiscutivelmente a orientação geral da edição de 2010. Mas, é claro, nem tudo saiu conforme o esperado, e entre uma e outra “novidade espetacular” não faltaram narizes torcidos na plateia.
Também vale ressaltar o caráter “em cima do muro” da Sony e da Microsoft, ambas empresas notórias por sempre apresentar projetos mais ligados ao público aficionado por jogos (hardcore), e que, aparentemente, têm encontrado dificuldades para juntar os dois mundos.
Disso, portanto, resta a pergunta: Kinect e Move devem mesmo oferecer suporte para uma jogabilidade mais madura, ou representam simplesmente a corrida das empresas que aproveitam agora o vácuo deixado pelo estilo “nintendista” de se fazer as coisas?
Quem conferiu as apresentações deve ter percebido que havia duas E3 correndo simultaneamente: uma para novidades tecnológicas, outra para apresentar marcas consagradas — com pouca ou nenhuma ligação entre ambas. Nem mesmo a Nintendo, com 3DS, novo Zelda e Donkey Kong conseguiu escapar totalmente a essa tendência. Será mesmo impossível ser casual, inovador e hardcore ao mesmo tempo?
Fonte: baixaki
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