HONG KONG - A Foxconn, maior montadora de eletrônicos do mundo, suspendeu contratações na maioria de suas fábricas na China, que produzem, entre outros eletrônicos, o iPhone, da Apple. A informação foi divulgada nesta quarta-feira pelo jornal “Financial Times”. A interrupção nas contratações foi motivada pela baixa demanda do mais
novo aparelho da Apple. De acordo com recrutadores externos e funcionários de recursos humanos da Foxconn ouvidos pelo “FT”, a recomendação de não contratação está circulando desde segunda-feira, por causa da redução dos pedidos do iPhone 5.

— Atualmente, nenhuma das plantas na China continental tem planos de contrtação — disse Liu Kun, um porta-voz da empresa, ao jornal. Após a repercussão da reportagem, a Foxconn negou que o congelamento das contratações esteja relacionado ao desempenho de vendas do iPhone 5. A informação divulgada pelo “FT” assustou o mercado, levando as ações da Apple em Nasdaq a uma queda de até 1,72% na manhã desta quarta-feira. De acordo com Bruce Liu, outro porta-voz da Foxconn, as contratações realmente foram suspensas até o fim de março, mas por outro motivo. Em entrevista à “Bloomberg”, ele afirmou que a decisão foi tomada porque muitos empregados retornaram do recesso do Ano Novo Chinês. Normalmente, o período marca uma renovação do quadro de funcionários, já que os chineses aproveitam o intervalo para trocar de emprego.

Sinais de que a procura pelo iPhone 5 vem caindo começaram a surgir no início do ano. Em janeiro, a Apple reduziu pela metade pedidos de telas LCD para o aparelho. No mesmo mês, o balanço trimestral da empresa confirmou que as vendas do telefone ficaram abaixo das expectativas. O anúncio levou a empresa a perder US$ 50 bilhões em valor de mercado. O resultado não foi ruim: a Apple vendeu 47,8 milhões de unidades no trimestre, um recorde. No
entanto, analistas de Wall Street esperavam que a empresa comercializa 50 milhõies de unidades.
Um dos motivos para a perda de mercado da empresa de Cupertino é a concorrência acirrada. Segundo pesquisa da
Gartner, a rival Samsung, fabricante do Galaxy S3, vendeu 385 milhões de aparelhos em 2012, sendo 53,5% deles smartphones. Já a Apple ficou em segundo lugar, com um total de 130 milhões de vendas.
Na semana passada, Tim Cook, CEO da Apple, minimizou as preocupações em relação à demanda pelo mais novo aparelho da empresa: —Não temos a palavra 'limite' no vocabulário da Apple. O mercado de smartphone é incrível. Talvez um dos melhores mercados de todos os tempos — afirmou o executivo. A Foxconn tem pelo menos quatro
plantas dedicadas fortemente à produção de iPhones. Ao todo, as fábricas contam com pelo menos 450 mil operários. De acordo com os recrutadores ouvidos pelo “FT”, as contratações foram congeladas nos quatro postos de trabalho. Apenas alguns técnicos continuam sendo contratados.

Fonte: O Globo