m jogo de estratégia em tempo real não precisa necessariamente de uma grande história para se dar bem. Mas quando isso acontece, é a mesma coisa que colocar uma cobertura deliciosa em cima do bolo. No caso da série Command & Conquer, essa cobertura tinha em seus ingredientes um leite radioativo, que derrete seu cérebro quando você tenta entender como todos os capítulos se interligam. O que a série Red Alert tem a ver com a original? O que ambas tem a ver com Kane’s Wrath? E onde é que entra a saga Tiberium? Para juntar todas as pontas soltas e responder todas estas perguntas (e mais algumas outras) a EA está produzindo Command & Conquer 4, mais um jogo de estratégia em tempo real que tem foco na ação e que vai chegar ao PC e nos consoles no início de 2010.

Uma das coisas que os veteranos já vão estranhar logo de cara é que a irmandade do NOD, liderada pelo alucinado Kane, vai unir forças com a Global Defense Initiative (as Nações Unidas do mundo do jogo). O uso indiscriminado do minério Tiberium (como visto nos jogos anteriores) causou uma reação reversa: agora ele está se espalhando pelo o planeta e matando tudo ao seu redor – Tiberium é radioativo, sabia? A união das duas facções consegue controlar o crescimento do Tiberium e fazem um tratado para impedir que ele volte a se espalhar pelo mundo. Mas ganância e a sede de poder falam mais alto e logo as duas facções voltam a travar uma guerra. E é aí que começa a campanha do modo single player - isso é quase poético, não acha?

Só que não há espaço para poesia quando o assunto é guerra – e como qualquer jogo de estratégia em tempo real, isso é o que não vai faltar em C&C4. Quem conhece a série vai ver os mesmos canhões, os mesmos soldados e as mesmas bases que se tornaram marcas registradas.

Só que este novo capítulo terá várias novidades, começando pela adição da “experiência persistente”. Este sistema libera upgrades para suas unidades e construções conforme você for jogando e não podem ser adquiridos todos de uma só vez logo na primeira batalha. Para ver os espiões mais poderosos vai ter que jogar muito, pois cada soldado e cada prédio que forem destruídos darão pontos que serão acumulados. Esses pontos poderão ser trocados por novas opções e que estarão habilitadas em partidas futuras.

A parte do “persistente” é o que mais chama atenção, pois a experiência é acumulada tanto jogando sozinho ou contra amigos. Por exemplo, se você fica travado em uma missão no modo solo, basta entrar no modo multi player, derrotar alguns adversários e usar a experiência adquirida para comprar alguns upgrades para deixar suas unidades mais poderosas.

Além de ter pontos de experiência, o jogador terá que escolher a forma que vai jogar usando um novo sistema que permite que todos joguem em sinergia: o sistema de classes. Mas não é como em um MMORPG, que possui centenas de opções que confundem o jogador. Em C&C4 as coisas serão mais simples por que existem apenas três classes: Ataque, Defesa e Suporte. Todas estas classes dependem da outra para sair vitorioso.

Quem escolher ataque, poderá se focar em fazer upgrades em suas unidades de confrontação. Os defensores serão os responsáveis para criar estruturas que previnem o contra-ataque inimigo. Já quem jogar no suporte terá em suas mãos a opção de usar unidades aéreas para ajudar tanto no ataque, quanto na defesa, usar táticas que ajudam seus amigos como curar soldados e restaurar estruturas, além de ser o responsável para usar as super armas como os mísseis atômicos e os canhões de íons.

Agora o que vai dar um nó na cabeça de qualquer jogador de RTS será o sistema de vitória. Em C&C4 destruir o jogador não é o suficiente para se sagrar vitorioso, mas sim ter o controle de todos os pontos do Tiberium Control Network. Significa que o jogo vai usar o sistema de capture the flag para definir quem sai com todas as honras.

Quem for destruído poderá voltar ao combate usando o novo sistema de respawn. Com isso, se o inimigo destruir sua base central, depois de algum tempo você poderá voltar ao combate e recuperar o controle de todas as suas bases que permanecerem em pé e com isso voltar para a disputa. Isso vai diminuir aquelas partes que um jogador fica entediado e fora da partida, assistindo os outros jogadores se matando até o fim da partida.

A última novidade, que já não é tão novidade assim está na promessa da EA conseguir fazer realmente um jogo de RTS que funcione com os controles dos consoles. Promessa essa que já foi feita em inúmeros jogos do gênero, como C&C3 e Halo Wars. Só que nenhum deles conseguiu substituir a supremacia do combo teclado+mouse. Será que dá para jogar um jogo do estilo nos videogames com a mesma destreza que nos computadores?

Agora só falta fazer mais uma pergunta: no ano que Starcraft II será lançado, existe lugar para outro jogo de estratégia em tempo real? EA terá que responder a isso com um tiro certeiro. Pode não ser o melhor plano de combate, mas pelo menos os fãs do gênero terão bons motivos para aguardar por 2010.